Santos, 07 de novembro de 2024 – Em uma noite de inspiração e reflexão, o renomado fotógrafo Araquém Alcântara conduziu uma palestra memorável sobre a fotografia como expressão artística e ferramenta de transformação social. O evento, que reuniu amantes da arte, profissionais e curiosos, revelou a essência do trabalho de Alcântara, um dos maiores expoentes da fotografia contemporânea brasileira.
Com um discurso poético e provocativo, Araquém Alcântara mergulhou nas profundezas da fotografia como "exercício de uma vertigem". A abertura com o poema *"A Câmara Viajante"*, de Carlos Drummond de Andrade, serviu como um convite para o público explorar o poder das imagens e seu papel na documentação da realidade. Influenciado por pensadores como Roland Barthes, Alcântara destacou a importância de registrar não apenas com a câmera, mas também com palavras, carregando sempre um caderno de anotações para capturar pensamentos e observações.
Alcântara enfatizou a responsabilidade do fotógrafo em compreender o contexto social e cultural de suas imagens. "Nunca aceite o novo sem ter conhecimento de causa", alertou, ao abordar a necessidade de se inserir nas realidades retratadas, absorvendo o cotidiano e a essência do Brasil. Para ele, a fotografia vai além da estética; é uma arma de resistência, um "click sagrado" capaz de promover mudanças e dar voz aos invisibilizados.
A palestra foi pontuada por momentos de forte impacto emocional. Araquém relembrou suas primeiras experiências fotográficas no cais do Porto de Santos, onde capturou imagens das trabalhadoras do sexo, e compartilhou o impacto do filme *A Ilha Nua* em sua carreira, descrevendo-o como uma epifania que transformou seu entendimento sobre o poder das imagens.
Outro ponto alto foi a discussão sobre os desafios enfrentados na era digital. Araquém criticou a banalização das imagens e reforçou a necessidade de estudo e reflexão para preservar a profundidade do olhar artístico. "Fotografar é meu oxigênio", afirmou, reiterando o compromisso com a autenticidade e a responsabilidade social do fotógrafo.
Entre os projetos apresentados, destacou-se *Amazonas das Crianças*, um registro sensível da vida das crianças na Amazônia, que ilustra com maestria a combinação entre arte e denúncia social. Com uma perspectiva crítica, Alcântara questionou: "O que realmente o Brasil quer da Amazônia?", levantando reflexões urgentes sobre a preservação e o futuro da maior floresta tropical do mundo.
Ao final, Araquém emocionou o público ao anunciar o lançamento de sua biografia, prometendo uma imersão ainda mais profunda em sua vida e obra. A noite se encerrou com um encontro caloroso entre o artista e seus admiradores, que tiveram a oportunidade de adquirir livros autografados e conversar sobre os temas abordados.
Araquém Alcântara nos lembrou, mais uma vez, que a fotografia não é apenas uma arte, mas uma poderosa ferramenta de transformação social, capaz de documentar, denunciar e inspirar. Seu legado continua a inspirar gerações, desafiando-nos a olhar além das aparências e a enxergar o mundo com profundidade e empatia.
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