Por Rodrigo Jesus

Na noite em que a arte encontrou a fé, o palco se transformou em altar e a plateia, em peregrina. A nova edição da tradicional Paixão de Cristo chega à sua 13ª montagem com um formato ousado e profundamente tocante: o espetáculo musical Milagres, dirigido por Alan Queiroz e Isabel, oferece ao público uma experiência singular — a vida e os feitos de Jesus narrados pelas vozes dos apóstolos Pedro e João Evangelista.

Em conversa com o Portal Giro da Região, os diretores revelaram os bastidores de uma parceria que já soma quase 30 produções e que, desde 2018, transforma a Paixão em musical e a rua em palco. Alan compartilha que não é apenas sobre teatro, é sobre tocar o coração das pessoas com fé e emoção. Com quase cem pessoas no elenco, o espetáculo é uma verdadeira jornada coletiva — uma entrega artística movida pela devoção e pela vontade de emocionar.

A dramaturgia, assinada por Isabel, traz este ano uma abordagem inédita. A história que conhecemos tão bem ganha um novo brilho ao ser contada pelos olhos de dois discípulos que estiveram lado a lado com o Mestre. Pedro e João, figuras centrais do Novo Testamento, conduzem o público por uma narrativa cheia de esperança, fé e, acima de tudo, milagres — os mesmos que ecoam até hoje nos corações dos fiéis.

"Contar a mesma história de formas diferentes", como disse Isabel, é o desafio — e a beleza — de reviver, a cada ano, a paixão, morte e ressurreição de Cristo. Em Milagres, esse desafio se transforma em poesia cênica, em música que eleva e em cenas que ressoam na alma.

Mais do que um espetáculo, Milagres é uma mensagem viva, pulsante, que nos relembra a força da fé e o poder do amor. E se hoje temos acesso a essa mensagem, é graças àqueles que, como Pedro e João, decidiram seguir o caminho — levando a palavra, multiplicando os gestos e eternizando, no palco, os milagres que ainda acreditamos ser possíveis.

Parabéns, Alan, Isabel e todo o elenco, por nos lembrar que os milagres ainda acontecem — sobretudo quando a arte se ajoelha diante da fé.