A recente prisão de Marcos Roberto de Almeida, mais conhecido como Tuta, representa mais um duro golpe contra a alta cúpula do crime organizado no Brasil. Apontado como um dos principais líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), Tuta foi detido na Bolívia em uma ação conjunta entre a Polícia Federal brasileira e as autoridades bolivianas, enquanto tentava renovar sua identidade boliviana utilizando documentos brasileiros falsificados.
A captura se deu graças à sua inclusão na lista vermelha de procurados da Interpol. Tuta estava foragido desde sua condenação, em 2024, por associação criminosa e lavagem de dinheiro. À época, foi identificado como peça-chave de um esquema criminoso que teria movimentado mais de R$ 1 bilhão — recursos oriundos principalmente do tráfico de drogas.
O nome de Tuta não é estranho aos investigadores. Em liberdade, ele chegou a ser considerado o número um da facção, participando da elaboração de planos audaciosos, como o resgate de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe máximo do PCC, preso desde 1999.
Segundo o promotor de Justiça Lincoln Gakyia, Tuta não apenas coordenava ações violentas — como os ataques de 2006 que deixaram mais de 59 agentes públicos mortos — mas também liderava operações sofisticadas de lavagem de dinheiro. Seus bens incluíam imóveis de alto padrão em Santana do Parnaíba, São Paulo, Peruíbe, Santos e uma chácara em Araçatuba, usada, segundo fontes da investigação, como ponto estratégico para encontros e movimentação de recursos ilícitos.
A prisão de Tuta reforça a importância da atuação internacional no combate ao crime organizado, que cada vez mais opera além das fronteiras. Ao mesmo tempo, escancara a estrutura empresarial paralela construída por facções como o PCC, que investem em imóveis, empresas e falsificação de documentos para garantir proteção e continuidade de suas operações ilegais.
Com a prisão confirmada, as autoridades agora concentram esforços em investigar a rede de apoio que sustentava o foragido na Bolívia, bem como o destino dos bens utilizados para ocultar o capital criminoso. O caso deve ganhar novos desdobramentos nos próximos dias, principalmente em relação à chácara em Araçatuba, que poderá ser alvo de apreensão e perícia.
Mais uma vez, a realidade revela que o combate ao crime organizado exige integração, inteligência e ação coordenada — e que o verdadeiro poder dessas organizações vai muito além das celas.
Fonte: O Estado de São Paulo
Mín. 18° Máx. 32°
Mín. 13° Máx. 19°
ChuvaMín. 12° Máx. 18°
Tempo limpo